quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Aniversário de Belém
Belém fez ontem 395 anos e as festas se proliferaram pela cidade. Aniversários são sempre a mesma coisa: um monte de gente só lembra da gente nesse dia, nos outros, deixam-nos ao abandono. Com Belém não poderia deixar de ser assim. Os governantes se debulharam em homenagens, shows foram promovidos, bolos gigantescos foram cortados. O atual prefeito, a rigor, comportou-se como um filho desnaturado. Limitou-se a inaugurar umas obras maquiadas. Coisas da política. Uma coisa me chamou a atenção nesse aniversário de Belém: a hipocrisia daqueles que deveriam zelar para que essa senhora de 395 anos conservasse a beleza que sempre ostentou. Costuma-se mostrar os casarões do centro, os prédios da Belle Époque, os imponentes edifícios da Doca e Batista Campos, mas esquece-se de mostrar a realidade do povo que também faz parte desta cidade. As pessoas da periferia são esquecidas nessa festa. Não têm o que dar nem o que receber. São coadjuvantes da história que se faz a cada dia. Nunca são convidados a escrever o cotidiano de uma cidade que tem tudo para ser linda. Para os olhos de quem mora em outros lugares, Belém é a opulência do Ver-o-peso, a modernidade do Hangar e das Estação das Docas. Para eles, não existem Tapanã, Benguí, Terra Firme, Jurunas e Marambaia. Essas pessoas que ali habitam são mantidas na "cozinha" do salão de festas. Uma festa pobre, assim como é pobre o espírito daqueles que se acham no direito de excluir os filhos de Belém da vida desta cidade. Enfim, não temos o que comemorar. É só mais uma passagem de ano que se arrasta a passos lentos, trazendo até nós a melancolia do esquecimento.
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